quinta-feira, 11 de novembro de 2010

DE 1975 A 2010, TAL COMO 7 E 7 SÃO CATORZE 30 E 5 SÃO 35


Estes 35 anos coincidem com os 35 anos do meu primo, aquele primo que quando eu era miúdo sonhava ser presidente de Angola. Aquele primo aquém o outro primo dizia que não havia necessidade de estudar porque já existia um presidente. Mais grave  ainda, porque ele não era filho do presidente, pois filho de peixe é peixe - nas suas palavras…  

Fico triste porque o meu segundo primo, seguindo este lema, não estudou e continua no obscurantismo, nas trevas sem conseguir perceber os problemas que hoje se impõem para a nossa nação. Mas sinceramente ele é feliz, ao seu jeito, pois não se sente impotente por querer contribuir e não poder, porque ele  não tem contribuição a dar. Mas fico triste porque na realidade acho que ele tinha razão, digo acho, porque existe ainda muita água a correr por baixo da ponte. Todavia, acredito que quando eu chegar aos 35 anos de idade este clima de incerteza e de dúvidas, em relação a profecia do meu segundo primo, já terá acabado...
Viva Angola viva a nossa nação…
Como dizia o Camarada neto a luta continua e a vitória é certa, mas meus irmãos espero que por estes dias já tenham percebido o que o Manguxi queria dizer. Pois, a luta é o esforço que fazemos diariamente para nos mantermos vivos e tentarmos progredir na vida, a luta agora é feita no mercado de trabalho onde temos diversos exércitos para integrar, Já não é como antigamente, no tempo do partido único, agora tu podes escolher lutar pelo BAI, pelo BFA, pela KPMG, pela ENDIAMA, pela UCAN, pela UNIA pela Sonangol ou mesmo pela NCR. Mas podes crer que ninguém te apontará o dedo se quiseres ir ao Ministério da Defesa, porque hoje até as forças armadas dispensam os recenseados - já não temos espaço - foi o que me disseram quando completei os meus 24 anos de idade e como cidadão patriota que sou, à semelhança dos meus contemporâneos, fui alistar-me para integrar a corporação. Hoje a recruta é feita nas salas de aulas, onde está tudo repartido por especialidades - tal como advogava Adam Smith na sua obra a riqueza das nações…
É nossa angolé é nossa angolaaa, Angola dos roboteiros Angola dos taxistas Angola das zungueiras- na vós de Dog Murras. É é o nosso pais a progredir, alguns a cantarem e outros a dançar. É o nosso pais com economistas a serem formados na Europa na América e até na China. Mas podem ter a certeza que nem entre os economistas nem entre os novos marines que a BP envia para Uk, ou nos bolseiros da Sonangol o meu primo não está presente…
Angola avante revolução pelo poder popular, pátria unida liberdade um só povo e uma só nação. Mesmo com os cabindas a reivindicarem a sua independência esta frase ainda vale, sem dizer que os miúdos lá na escola “prime de Maio” ainda dizem : de Cabinda ao Cunene e do Mar ao Leste. Quêm é do meu tempo sabe do que falo…
Finalmente, acho que o criador do  " blogger" não eperava que o seu instrumento fosse parar às mãos  de pessoas, como eu, que não sabem a utilidade das coisas e que postassem textos deste género aqui. Mas de uma coisa ele pode ter a certeza esta ferramenta fará com que a minha mensagem chegue aqueles que como eu, e o meu primeiro primo, sempre tiveram e continuam a ter uma esperança, porque como diz o velho ditado a esperança é a última a morrer e enquanto há esperança há vida, e acrescento mais, enquanto há vida há esperança ....

35 anos de independência + 35 anos de farra vindoura = boa vida, meu povo desfrutemos do nosso pais............

Tenho dito.....................


terça-feira, 9 de novembro de 2010

COLONIZADO E COLONIZADOR NO MESMO BARCO




Tal como eu esperava o “C” dos BRIC voltou a atacar, depois de ter concedido um dos maiores financiamentos que Angola do pôs independência e do pôs guerra já beneficiou, de ter mandado cerca de 30.000 cidadãos seus para Angola e cerca de 300.000 à África do Sul, sem contar com o financiamento de 3.6 mil milhões ao Standard Bank- o maior Banco de África, de ter financiado a barragem de Mepanda em Moçambique avaliada em 2.18 mil milhões euros, de ter financiado a República Democrática do Congo com 8.86 mil milhões de euros, de ter construído inúmeras auto-estradas no Sudão, de ser o maior credor dos Estados Unidos da América - Chimerica é a palavra que tem sido usada par demonstrar a dependência entre estes dois países, de estar a realizar grandes obras na Argélia onde os seus cidadãos são acusados de terem feito desaparecer os cães e os gatos agora aparece de mãos dadas aos renegados do fundo Europeu.
Portugal está a padecer de uma crise financeira, que parece ter começado na Grécia, mas que nada tem a ver uma com a outra, pois, são países geograficamente muito separados e cujas transacções comerciais não são das mais importantes na balança de pagamentos de nenhum dos dois. Mas por incrível que pareça os sintomas da crise, nos dois países foram dados quase ao mesmo tempo, porque quando a crise grega eclodiu os mercados deram sinais de que Portugal seria o próximo. Todavia, esta tese foi muitas vezes apelidada pelos governantes portugueses como sendo uma calúnia e um ataque directo ao governo português. Nesta fase muitos foram os economistas que se pronunciaram sobre o assunto, Paul Crugman, o renomado economista premiado em 2008 com o Nobel da Economia, dizia que Portugal deveria fazer sérios cortes às suas despesas públicas, chegando mesmo a realçar que os salários dos portugueses deveriam ser cortados na ordem dos 20% a 30%, numa altura em que os portuguesas já se ressentiam pela existência de uma taxa de desemprego elevada. Não obstante aos avisos, o parlamento português não consegue chegar a consensos quanto ao orçamento geral do estado para o próximo ano, pois a crise não é simplesmente financeira é também política, como dizia Sócrates: “assim não se governa”.
Sócrates e o seu governo tentaram recorrer ao fundo europeu, sem sucesso. Muitos analistas políticos e económicos já estão a cogitar a possibilidade de Portugal recorrer ao FMI, caso os seus irmãos não cedam a tempo de os ajudar. Mas parece-me que é a China que aparece para mostrar que caso as instituições de Breton Woods ofereçam uma proposta inviável eles estarão do outro lado com uma proposta mais aliciante. E como sabemos, a China tem sido um porto seguro para muitos países que em momentos de crise foram rejeitados ou censurados pelo FMI ou Banco Mundial, bem como pela União europeia. Há dirigentes que sabem muito bem do que estou a falar, pois, o Zimbabwé de Mugab tem recebido apoio do “C” dos BRIC, quando quase toda a comunidade internacional lhe virou às costas, o Sudão teve apoio do mesmo quando este assegurou-lhe votar contra as sanções que lhe estavam à ser impostas pela UN, Angola recebeu o tão famoso financiamento chamado “Modelo de Angola”- em que a dívida é paga não em prestações monetárias mas sim por barris de petróleo. Note-se que, neste ano Angola é já o maior exportador de petróleo para a China, em África. Como se não bastasse, a China parece querer mesmo entrar na Europa, ganhando terreno aos estados Unidos da América que parece estar mais preocupado com a guerra cambial do que com a guerra dos espaços geográficos…
Depois de ter visto o presidente Chinês , Hu Jintao, e a sua comitiva em Portugal passei a acreditar mais na frase de um grande senhor que dizia ensine Mandarim ao seu filho e não te arrependerás, por isso não me espantei quando vi estudantes da Universidade católica do Porto a estudarem Mandarin. E isto é mesmo verdade, pois, no Congo democrático várias salas de aulas foram abertas e acredito que mais abrirão. Visto que, neste mercado, do ensino do mandarim, a procura excede a oferta e pelo andar da carruagem este gap vai aumentar ainda mais com a constante penetração dos empresários chineses na economia da CPLP em particular e do mundo em geral. Afinal de contas, parece que os colonizadores seguirão o exemplo dos colonizados e voltarão a beber da mesma água. Acho que estes dois povos foram destinados a seguir os mesmos caminhos.
Acreditemos ou não a china está a ganhar terreno e acho que devia ser retirada dos BRIC, porque já não pertence aos BRIC mas sim aos DC. Mas nem tudo é um mar de rosas, pois existem muitos chineses pobres, alguns sonham com o el-dorado africano, onde os seus salários dobrarão e só voltarão à casa uma vez em cada dois anos, sem saber que para lá do oceano encontrarão uma cultura totalmente diferente onde o cão e o gato são os melhores amigos do homem e não são animais comestíveis, sem saber que aos olhos dos angolanos e congoleses eles são robôs diabólicos que trabalham dia e noite sem parar, sem saber que no Sudão um país maioritariamente muçulmano as pessoas rezam pelo menos cinco vezes por dia, enquanto o chinês trabalha sem parar, sem saber que existem revoltas no Níger no Chad na Somália e que na Zâmbia muitos serão os trabalhadores que os quererão num tribunal por alegados abusos de autoridade. É assim a china do bem e do mal, mas com a qual teremos de aprender a conviver se quisermos continuar na rota do crescimento almejando o desenvolvimento.   

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

SE EU FOSSE SOCIÓLOGO E NÃO APRENDIZ DE ECONOMISTA


Teria percebido o que sucedeu durante as eleições legislativas de 2008. Pois, durante os vários meses que antecederam as eleições eu acompanhei a vida da população e os dizeres que circulavam nos táxis, bem como, nas ruas de Luanda, que eu frequentava com muita assiduidade. Pelos dizeres e pela leitura que se podia fazer nos rostos da população, estava quase certo de que alguma coisa extraordinária estava para acontecer. Uma mudança no poder ? Estaria a ser muito extremista. Porque, mesmo ouvindo e vendo o descontentamento da população, sabia que nós não somos muito corajosos ao ponto de fazer uma mudança tão radical. Mas, sinceramente, pensei que algum resultado equilibrado haveria de sair durante aquelas eleições partidárias, em que o MPLA era o favorito, até porque, era o partido no poder.
Meses muito próximos às eleições, se não mesmo um mês antes, fui notando alguma mudança no comportamento das pessoas em relação à governação. Percebi então que, as pessoas estavam mais optimistas em relação ao futuro e já diziam que  “o partido no poder é que lhes dava o de comer”. Mas a verdade seja dita, as receitas contempladas no OGE não pertencem à nenhum partido são do povo e sempre foram. Como economista percebi que as pessoas tinham alguma razão para mudar de comportamento, num espaço de tempo tão curto.     
Um dos princípios da economia diz que as pessoas reagem aos incentivos. Este princípio diz que as pessoas tomam as suas decisões com base na avaliação de custos e benefícios, logo qualquer alteração desta relação faz com que os agentes tendam a mudar o seu comportamento. Assim, se um indivíduo estiver perante um tradeoff[1], enunciando outro princípio da economia, e a relação de custo - benefício das actividades em análise se altera, ele pode decidir a favor de uma actividade que na situação inicial teria sido preterida. Logo, isto faz-me crer que determinados eventos ocorreram e fizeram com que a relação custo – benefíco, de votar nos vários partidos do nosso país, se alterasse favorecendo determinados partidos em detrimento de outros. Se considerarmos alguns factos que ocorreram na época será possível observarmos como as pessoas reagiram aos incentivos que existiam aquando da tomada da decisão de votar:   
1-     Durante os meses que se aproximaram as eleições a polícia nacional teve um comportamento digno de um cordeirinho. As corridas nos mercados abrandaram, isto é, correrias idênticas as que se verificavam na Avenida Deolinda Rodrigues já não se viam de graça;
2-     Houve um acelerar das obras em toda a capital do país, parecia mesmo que a cidade estava a mudar, até eu acreditei no que via e no que poderia ver apôs a conclusão das obras;
3-     Ao sair de Luanda já se avistavam melhorias, e a população não é cega;
4-     O Huambo, o até então bastião da UNITA, estava rejuvenescido, e como disse um primo em 2007 – a cidade está muito mudada, sem que eu concordasse mantive-me calado;
5-     Uma avalanche de renúncias assolou o, até então, maior partido da oposição;
6-     A economia parecia não ter sido afectada pela crise financeira e económica, que estava a assolar o mundo inteiro;

Os factos, acima, apresentados são uma amostra da população de incentivos que antecederam as eleições. Estes factos parecem não ter valor económico, mas por incrível que pareça têm. Todos estes factos, em princípio, concorrem para a melhoria do bem estar das populações.
Assim sendo, o facto das Zungueiras, os Roboteiros e os Lavadores de carro poderem realizar as suas actividades sem serem perturbados pela polícia aumenta a receita diária de cada um destes agentes económicos, que no final do dia são eles que alimentam grande parte das famílias mais carentes do nosso país.
A reparação das estradas bem como a sua expansão até as localidades mais recônditas do país representam uma despesa de capital, com grande valor acrescentado, pois possibilita a livre circulação de pessoas e bens, facilita a criação de novos negócios, faz com que a produção possa escoar produção de localidades potencialmente agrícolas para localidades com capacidade industrial e com um público consumidor muito maior. As estradas ajudam a consolidar a integração local, que se dá quando existe livre circulação de pessoas e bens de uma região para a outra dentro de um mesmo país. O Relatório de Desenvolvimento do Banco Mundial de 2009, com o título “O Desenvolvimento em 3D”, faz uma bela abordagem sobre a integração local.
A saída massiva de membros da UNITA passou o sinal de falta de organização e confiança dentro do maior partido da oposição em particular, e a nível da força da oposição em geral. É claro que centenas de eleitores mudaram as suas escolhas quando estas desistências aconteceram. Houve aqui uma clara percepção por parte do eleitor de que os benefícios de votar neste partido da oposição estavam a reduzir. Houve aqui uma clara demonstração de que este partido não seria capaz de governar o país, com falta de coesão interna.
O facto dos efeitos da crise terem chegado aos nossos ouvidos só depois das eleições, foi um grande incentivo para que o partido no poder merecesse mais alguns votos de confiança. Mas é claro que não tardou para que a verdade viesse à tona, pois, não estávamos de todo imunes a crise. Se os eleitores soubessem disto, em princípio, teriam mudado as suas decisões. Porque os agentes económicos reagem a incentivos.
Para as próximas eleições espero sinceramente que os nossos partidos políticos e os seus fazedores de opinião estejam mais atentos aos incentivos. Pois, definitivamente, como consta dos livros de Economia de Paul Samuelson e de N. Gregory Mankiw, os agentes reagem a incentivos. Logo basta que a relação custo benefício se altere para que algumas decisões passem de preferidas a preteridas.


[1]  Os agentes deparam-se sempre com diferentes possibilidades de escolha aquando da tomada de decisões.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

AS ALAVANCAS PARA A  INFLAÇÃO ESPERADA, NOS PRÓXIMOS TEMPOS.




No passado mês de Agosto tomamos conhecimento de dois decretos presidenciais que poderão mudar, de certa forma, a vida do cidadão angolano.
Foi anunciado a entrada em vigor da redução à subvenção dos combustíveis.
Foi anunciada a entrada em vigor do decreto presidencial que proíbe a importação de veículos automóveis com mais de três anos apôs a data de fabrico.
A sociedade angolana debate-se neste momento com muitas questões a este respeito, dentre as quais:
Que consequências trará a subida dos preços dos combustíveis, principalmente, para o cidadão comum?
Será que a subida destes está a ser feita de forma faseada, de acordo com as proporções aconselhadas pelo FMI- Fundo Monetário Internacional e o BM- Banco Mundial?
Será que a proibição da importação de veículos automóveis de passageiros com mais de três anos é racional? Que consequência terá esta medida sobre a inflação de curto prazo?
Muitos economistas apoiam a supressão da subvenção aos combustíveis, eu também concordo. Mas acredito que tal medida só deveria ser tomada quando estivesse-mos em condições para tal.
Uma das preocupações prende-se com o facto de que a redução da subvenção afectará, em primeira instância, as populações mais carentes. Ao contrário do que se divaga e que paira na mente da maior parte da população, não serão os que têm mais de um carro que serão prejudicados. Pois, o cidadão comum é o principal utilizador dos transportes públicos e colectivos, os vulgos táxis. Assim sendo, o primeiro efeito da subida dos preços dos combustíveis será sobre os transportes públicos e colectivos. Este aumento, que de certa forma será instantâneo, fará com que os preços no mercado informal tendam a aumentar, também, de forma instantânea. Assim sendo o poder de compra das famílias vai reduzir, toda via serão as famílias de renda baixa que mais rapidamente irão sentir este efeito. Porque são as que mais acorrem ao mercado informal, onde se espera que os efeitos sejam imediatos.
Outra preocupação reside no facto das estimativas para a inflação terem como amostra simplesmente os preços dos bens na capital do país. Logo, a taxa oficial de inflação não representa a perda real de poder de compra do cidadão angolano, pois a nossa economia depende maioritariamente de importações e estas têm que ser transportados para as outras províncias fazendo com que os custos até as lojas sejam mais caros do que em Luanda.
A segunda medida que considero como alavanca para a inflação esperada nos próximos meses é a proibição de importação de veículos automóveis com mais de 3 anos. Não sendo totalmente contra a medida apresento-me céptico em relação aos objectivos da mesma e ao facto de estarmos preparados. Esta proibição reduzirá de que maneira o número de carros em mau estado de conservação, que atracam aos nossos portos, para além dos que chegam pelas fronteiras terrestres. Se este for o objectivo principal dos nossos governantes, para além do facto de que com tal medida se reduzam as importações em geral o que levará a redução da fuga de divisas, então outras questões se levantam: Será que estes propósitos suplantam as consequências sobre o cidadão comum? Acredito que não. Pois esta medida afigura-se proteccionista de um mercado que não tem produção industrial de automóveis, excepto a linha de montagem da gingante chinesa. Logo, a justificação de tal medida não pode passar pela protecção da indústria automóvel nascente e mesmo que tal fosse o caso, porque já se provou que os “benefícios líquidos do proteccionismo são negativos”. E como se afirmou acima, a maior parte da população angolana é usuária dos transportes públicos, táxis, os vulgos candongueiros, o que fará com que a quantidade de táxis a circular no país seja insuficiente em relação a procura. Pois, a proibição fará com que a capacidade de reposição dos carros já existentes seja mais difícil, para além do facto de que cada vez menos pessoas terão capacidades de comprar um carro. Para confirmar isto só precisamos de sair às ruas e vermos a quantidade de carros particulares e táxis que têm matrícula nova sem que na realidade sejam carros novos. E mesmo assim, o número de táxis a circular, no país, ainda é insuficiente para atender a procura.
Aparentemente a medida fará com que os cidadãos tendam a desviar a sua procura para carros novos. Mas não podemos acreditar totalmente neste facto já que os carros novos em Angola custam uma fortuna, apesar de serem baratos nos países produtores, chegam a Luanda a custos exorbitantes causados não só pelos custos de transporte mas como também pelas elevadas taxas alfandegárias.
As taxas alfandegárias actuais chegam a 50% do custo do carro. Fica assim muito difícil importar um carro para o nosso país. O mais agravante é que não obstante ao facto de se pagar altas taxas aduaneiras e de circulação as estradas continuam caóticas, ajudando a deteriorar com maior facilidade os carros que nela circulam. Em pouco tempo um carro novo passa a ter os mesmos problemas técnicos que um carro com mais de 2 anos, que tenha sido usado em estradas em melhores condições do que as nossas.
O aumento dos preços dos transportes públicos e as consequências sobre o cabaz das famílias demonstram que estas medidas serão as alavancas para a inflação em Angola nos próximos meses. Tenho a certeza que estas medidas só surtirão os efeitos desejados quando o cidadão comum começar a notar melhorias no seu nível de vida. Assim sendo, a melhoria no nível de vida só será sentida quando as verbas não alocadas a subvenção dos combustíveis forem aplicadas em sectores que beneficiem directamente as populações mais carentes. Por exemplo, a expansão da rede de fornecimento de água e luz para todas as zonas do país, melhoria e expansão do saneamento básico de todas as zonas do país e etc. Por outro lado as verbas arrecadadas com as altas taxas aduaneiras deveriam se reflectir na melhoria das vias de comunicação terrestre, etc...
Em suma estou em crer que no curto prazo o poder de compra do cidadão comum há de ruir, fruto das recentes medidas implementadas. E serão as famílias as primeiras a se ressentirem.